Meu breve balanço das manifestações de domingo em todo o Brasil (pró-governo, pró-reforma da previdência e anticorrupção) virou manchete no portal Diário do Poder, do jornalista Cláudio Humberto.
O cientista político Paulo Kramer
avalia que o presidente Jair Bolsonaro “turbinou” seu poder de barganha perante
o Congresso, com os expressivos atos de apoio que recebeu neste domingo em todo
o País, e que os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça)
saíram fortalecidos.
Para ele, o bolsonarismo “exibiu uma
face reformista, moderna, civicamente responsável, numa palavra, ‘civilizada’,
protagonizando algo raro, para não dizer ‘inédito’ no Brasil e no mundo:
manifestações populares a favor de uma agenda altamente impopular (reforma da
Previdência)”. Kramer disse que até hoje “eu não tinha visto passeatas com
cartazes e faixas em apoio a uma equipe econômica!”
“Para
um Executivo que abriu mão do toma-lá-dá-cá do presidencialismo de
coalizão/cooptação/corrupção para se alimentar da seiva da popularidade, foi
uma recarga no prazo de validade do seu carisma”, sentencia Kramer, professor
de Ciência Política aposentado da Universidade de Brasília (UnB), articulista
do Diário do Poder e comentarista da rádio BandNews FM.
O cientista político considera também
ser notável a autonomia cívica do bolsonarismo em relação a grupos organizados
que ajudaram a tornar possível essa grande transformação, “mas que decidiram se
distanciar da mobilização preparatória às demonstrações de hoje, provavelmente
por receio de que a tônica viesse a ser uma pauta antidemocrática e hostil à
institucionalidade democrática”. Entre esses grupos ele cita os movimentos MBL,
Vem Pra Rua etc. “Felizmente, esse temor foi desfeito pela celebração cívica
auriverde num domingo ensolarado de Norte a Sul do País”, celebra.
Mas Kramer pondera que não é possível
compreender este domingo nas ruas do Brasil “sem remontar ao arco histórico que
começou a ser traçado em junho de 2013, conquistou maturidade no impeachment de
Dilma e ganhou musculatura nas eleições do ano passado”